17 novembro 2016

Um ser nu

O corpo num cansaço libertador de uma explosão silenciosa e ruidosa e silenciosa e ruidosa e e e e e e e ou estar a ir ser o ir ser o avanço e o recuo para a frente. Um querer partilhar, um querer que é só em si. Uma pausa. Uma música bonita. Um respirar e sentir o teu cheiro na multidão. Essa putrefacção imunda do suor que se enfia pelas narinas com uma beleza felina. Reconhecer o âmago de outrora agora vazio e estar todo: ser completo complexo perplexo pelo redor. Pelo redor mental, imaginário e o redor tão físico e palpável. Corpos que se jogam, corpos aquecidos esquecidos de si e jogantes. Brinquedos felizes concentrados, tensos e relaxados, que aguardam o inesperado trazendo-o. Uma lembrança de nós traz uma descompensação na concentração de há pouco. Uma espécie de vergonha de estarmos tão nus que nem nós somos. Um ser nu que é ele. Um ser nu que não é ele. Outro que não tem de ser um ele. Um ser nu, que não é ele.

05 setembro 2016

A distância física de ti

Numa epifania percebi que estava de ti a uma distância superior àquela a que estás de mim. Tão simples como isto: eu estou mais longe de ti que tu estás de mim. E tu estás mais perto de mim que eu de ti.
Tenho os teus olhos meigos a exactamente meio milissegundo de imaginação de distância e tu tens os meus olhos evadidos e fixos a cerca de 23 minutos e meio. Trata-se de uma mera estimativa conseguida através do estudo das reacções que a mim exclusivamente são oferecidas. A maioria delas imaginárias, mas, devo dizer, que as minhas favoritas são as gargalhadas que, apesar de com esforço para tal, não são contidas num simples sorriso. Ah! Gosto mesmo. Fico deliciado nisso. Aqueles trejeitos de gargalhada são preciosidades a que as mais belas paisagens se gostaríam de poder comparar. E as mais belas jóias. São esgares de felicidade pura e tua.
Mas tu tens a minha voz tão longe... estará a umas semanas de ti. Morde-se de medo antes de se aproximar. Há quem diga que seja por timidez. Outros afirmam que é preguiça. Eu sinceramente acho que é mania da perfeição e brio. Tem de sair bem afinada: nem uma nota acima, nem meio tom abaixo da música que passa e, claro, no tempo certo... não queiramos que os diapasões da vida se desacertem. Seria um caos ter de fazer ajustes e afinações no meio do espetáculo. As ondas sonoras são definidas matemáticamente e a frequência tem de ser a correta. Está a umas semanas de distância, meses anos, bom...
O tempo é relativo, foi Einstein que o disse, façamos com ele a felicidade possível dentro das leis da física. Dás-me a mão e vamos?

17 julho 2016

Comecei a escrever um poema com o teu sorriso.
Fiquei a lê-lo ininterrupta e repetidamente.

16 junho 2016

Pensar em ti

Estava só a pensar em ti hoje. Estava a pensar em ti e em como pensar em ti. Estava perfeitamente consciente de que o facto de estar a pensar em ti tão claramente. Havia o teu rosto a sorrir e eu estava tão centrado nisso que não me apercebi do que havia em redor. Voltei por muito breves instantes de consciencia ao mundo para ter a certeza de estar a pensar em ti por querer. Queria estar a pensar em ti.
Pensei-te comigo na praia e num beijo que se via obrigado a existir por entre sorrisos tão largos, molhados e babados. Imundos de felicidade pura. Daquela felicidade que envolve de branco todo o redor,
E assim que é pensar em ti. Existes tu, por vezes eu e branco.

04 junho 2016

Segui-te cedo, pela manhã. O mundo era ainda pequeno e eu era ainda um muito diminuto projecto de um desenho. Um desenho, então, saído do meu vulgar e comum pensamento. Um desenho que pouco mais de mim faria do que o que a realidade assim o pede.
Percebi então que na verdade eu sou um simples desenho. Um desenho não explicável, mas um desenho simples. Tal qual o teu cérebro acha do meu e tal qual, em termos de posições são semi-inversos.
Isto tudo para perceber e reconhecer que a tua imaginação de mim será sempre um resultado melhor de mim do.que aquele que eu determino. É apaixonante e assustador.

09 janeiro 2016

"te quiero por que eres tantas cositas bellas que me hacen creer que soy"

"La afinidad es tanta miro a tus ojos y ya se lo que piensas " dizia a música que ouvia a pensar em ti... era tudo tão perfeitinho, tão bonitinho e tão claro que me fazia pensar em ti. A melodia suave e as vozes doces traziam a tua pessoa à minha lembrança e abriam-me na cara o sorriso de te ver.
Numa súbita alianação de emoções reparei que "a afinidade é tanta" que pensamos o mesmo sobre as mesmas coisas que conhecemos, mas quando olho os teus olhos... Quando olho os teus olhos não faço mais puta ideia do que pensas nem quero fazer. Quando "olho os teus olhos" quero sentir e não quero saber. Quero sentir o aperto no peito e quero lutar contra as forças invisiveis que fazem com que os teus olhos não cruzem os meus e que quando cruzem não ganhem a mesma intensidade. Intensidade que, não sabendo se ganhas, luto para sentir que sentes ainda que nunca o vá conseguir.
A afinidade é tanta que quero sentir que sentes. Quero mesmo sentir que sentes. É só isso.

https://www.youtube.com/watch?v=Dyrahwo2d_0