21 julho 2018

Desabafo (real)

Estou com um estado de espírito romantico-lamechas e estou feliz por isso. Não sei se já sabes, isto porque não sei o que é suposto os seres imaginários saberem, mas mesmo sendo tu produto da minha imaginação, não quero saber se sabes, mas se já souberes, finge-te surpreendida se te perguntar.
É que me apaixonei por ti quando passou um carro com 89-70 nos números da matrícula por uma estrada cujo piso era de flores castanhas.
Pois, eu não conheço flores castanhas, por isso não estava a olhar para o carro e a paixão surgiu por ver algo melhor que um carro com aqueles números na matrícula.
Não te conheço, mas sei exactamente como és: meiga, mas com alguma irascibilidade. És inteligente, mas não vais raciocinar em certos momentos só para me chatear por não compreender que não pensas de uma maneira clara nesses momentos. Vou rir-me quando ficares irritada por nada quando tiveres fome ou outra qualquer necessidade física e isso vai irritar-te ainda mais.  Vamos dar-nos bem e gostar das mesmas coisas, ao mesmo tempo vou odiar tanto o quanto gostas daquela música que eu não suporto e vou fingir para sempre não a suportar, mesmo quando ela me deixar embeiçado a imaginar-te e der quase uma sensação de poder voar.
Vais querer fazer todas as coisas de maneira igual, esse igual é que se vai acomodando às circunstâncias. Tu vais mudar mais depressa do que eu. Que te vou atropelar todas as manhãs de uma maneira esquisita, umas vezes sentimental, outras com adrenalina, muitas com preguiça extrema e não te vou dizer todas as maneiras para que desfrutes de cada atropelo.
Aconselho-te que em vez de pensares nisto, sorri só. Porque a vida é boa e quando existires será melhor ainda.
Eu ando muito atento às flores e quando conhecer as castanhas vou instalar uma câmara nas vias de acesso à mesma para poder ficar muito atento ao primeiro brilho dos teus olhos que verei. Vou ficar tão atento que me apaixonarei.
Tenho tudo planeado, vamos ser felizes?

23 junho 2017

Amor por todos os poros

Vi-te passar ao acaso
Na minha vida
Enquanto me repetia
Enquanto me repetia

Enquanto me repetia novamente
Passando eu proprio na minha vida
Ao acaso
Sem me ver passar.

Tenho amor em todos os poros
E agora suo ofegante
O cansaço passou
A energia agora é mais pura

Flutuo no mar calmo que me envolve
Voo pela brisa de verão
Durmo no macio manto de neve
E sonho.

Tenho amor em todos os poros e só assim não me repito.

14 março 2017

Vim aqui por ti amor


Parece-te uma palavra pesada amor, meu amor.
Mas vim aqui por ti amor.
Trouxe a minha cara mais inexpressiva,
Só a inexpressão pura é capaz de te alhear dos meus medos.
Meu amor.
Trouxe junto aos medos um fardo
Ter-te visto com os olhos chorosamente rejubilantes
Ter-te cheirado a essência.
Sei ter sido a tua essência que eu imaginei.

Vim té aqui apenas porque podias estar aqui.
Aperta-me o coração como se tivéssemos 12 anos e eu fosse até à entrada da escola, era a hora precisa a que chegava o teu autocarro, e eu tremia. O maior terramoto do mundo não me abalava naquele momento, mas eu tremia, a minha respiração tremia.
Tu podias apenas estar aqui, aqui de todos os lugares do mundo. E eu nem sei se vens aqui amor. É um lugar seco, mesmo com a brisa primaveril do rio, é seco.
Porém, basta imaginar-te um sorriso, aquele de olhos esguios tão teu quando me fitas.

É quente imaginar-te, mesmo de ombros descobertos e luz fraca, pela noite é quente imaginar-te.

Fracassam-me os elogios e a realidade dos mesmos é imensa. Mas dos elogios, como do resto, a realidade esconde-se e não se conta. Apaga-se em palavras parcas e vãs. Em sorrisos corriqueiros e desculpas para nos desculparmos de não realizar a realidade que nos entranha, nos esventra como uma faca afiada espetada no peito rasgando obliquamente a caixa torácica e nos afaga ao mesmo tempo o espírito.

Por isso vim até aqui amor.
Podias estar aqui.

02 fevereiro 2017

Gostava de te lamber a lágrima da cara.

Gostava de te lamber a lágrima da cara.
Aquela que soltas ao emocionar-te com a felicidade pura de qualquer coisa palerma, exageradamente palerma, que te faça feliz, estupidamente feliz.
Esporrava-te a cara de metáforas, antíteses e hipérboles e nem toda uma banheira branca era poesia suficiente.
No auge de toda a pseudo-intelectual poesia de de duas e meia de uma noite em claro que me invade surge a ousadia de te querer mais do que nunca aqui comigo. 
Só a estar aqui.
Para te lamber a lágrima da cara.
passar a tua pele lentamente pelas minhas mãos. 
Muito de leve.
Rimar suspiros
com acanhados sorrisos.
E deixarmo-nos estar. 
Só estar.
Amo-te, acho que é isso.
Se não for lamber-te-ia na mesma a lágrima da cara,

17 novembro 2016

Um ser nu

O corpo num cansaço libertador de uma explosão silenciosa e ruidosa e silenciosa e ruidosa e e e e e e e ou estar a ir ser o ir ser o avanço e o recuo para a frente. Um querer partilhar, um querer que é só em si. Uma pausa. Uma música bonita. Um respirar e sentir o teu cheiro na multidão. Essa putrefacção imunda do suor que se enfia pelas narinas com uma beleza felina. Reconhecer o âmago de outrora agora vazio e estar todo: ser completo complexo perplexo pelo redor. Pelo redor mental, imaginário e o redor tão físico e palpável. Corpos que se jogam, corpos aquecidos esquecidos de si e jogantes. Brinquedos felizes concentrados, tensos e relaxados, que aguardam o inesperado trazendo-o. Uma lembrança de nós traz uma descompensação na concentração de há pouco. Uma espécie de vergonha de estarmos tão nus que nem nós somos. Um ser nu que é ele. Um ser nu que não é ele. Outro que não tem de ser um ele. Um ser nu, que não é ele.