05 setembro 2016

A distância física de ti

Numa epifania percebi que estava de ti a uma distância superior àquela a que estás de mim. Tão simples como isto: eu estou mais longe de ti que tu estás de mim. E tu estás mais perto de mim que eu de ti.
Tenho os teus olhos meigos a exactamente meio milissegundo de imaginação de distância e tu tens os meus olhos evadidos e fixos a cerca de 23 minutos e meio. Trata-se de uma mera estimativa conseguida através do estudo das reacções que a mim exclusivamente são oferecidas. A maioria delas imaginárias, mas, devo dizer, que as minhas favoritas são as gargalhadas que, apesar de com esforço para tal, não são contidas num simples sorriso. Ah! Gosto mesmo. Fico deliciado nisso. Aqueles trejeitos de gargalhada são preciosidades a que as mais belas paisagens se gostaríam de poder comparar. E as mais belas jóias. São esgares de felicidade pura e tua.
Mas tu tens a minha voz tão longe... estará a umas semanas de ti. Morde-se de medo antes de se aproximar. Há quem diga que seja por timidez. Outros afirmam que é preguiça. Eu sinceramente acho que é mania da perfeição e brio. Tem de sair bem afinada: nem uma nota acima, nem meio tom abaixo da música que passa e, claro, no tempo certo... não queiramos que os diapasões da vida se desacertem. Seria um caos ter de fazer ajustes e afinações no meio do espetáculo. As ondas sonoras são definidas matemáticamente e a frequência tem de ser a correta. Está a umas semanas de distância, meses anos, bom...
O tempo é relativo, foi Einstein que o disse, façamos com ele a felicidade possível dentro das leis da física. Dás-me a mão e vamos?