30 março 2010

Uma Tarde em Leiria

(parque)

Tenho-me largado bastante pelo mundo. Caído aí, no chão de todos vós.
Aprecio o som chilreante dos pássaros, do bater das cascatas de água e até o som das intrépidas crianças que se passeiam em correrias desenfreadas no parque.
Também eu já me passeei assim e já fui feliz numa minha correria. Não me largava por aí, mas queria, não sabendo o que era isto de me largar, simplesmente me deixava ir.
Oxalá pudesse estar só e oxalá pudesse simplesmente estar. Estar num estado tão puro que os pensamentos eram a água da cascata a bater.

(castelo)

Je suis dans un autre monde. An other world that I'm not capable to explain.
Agora vejo maravilhas que a história de outros nos deixou por legado. Uma bela vista na imponência de uma torre que de prenda me oferece bem estar.
Mais gente, como eu, se encanta com estas boas sensações visuais.
"(...)Por merda na boca pague por testemunho dos homens bons 60 soldos(...)" in Foral de Leiria (1195) D. Sancho I
Ana Maria da Silva Fernandes, parei para conhecê-la: uma pequena e simpática pessoa interessada em saber coisas.
Descanso agora na larga varanda que pousa os olhos na cidade de Leiria.

(um café e uma água natural)

O cansaço físico de hoje começa a associar-se ao resultado do esforço psicológico de ontem e à falta de dormida causada por conversas tardias. Depois de umas bolachas, procuro refúgio num café e numa água natural, enquanto espero a próxima companhia ouvindo as gargalhadas de quem companhia já tem.
Não faz sentido ter férias amanhã, mas vão ser-me essenciais para me estabilizar. Mas também esta música que agora aqui caiu me ajuda, pelo menos por agora, pois sabe a água quando se tem sede. É bom quando a música sabe a água quando se tem sede. Adoro esse preenchimento.

(um pensamento de turista)

É mais difícil ser turista onde nos podemos encontrar mais facilmente. É mais fácil quando nos abstraímos das coisas e das pessoas, observamos apenas e libertamos a mente para que a divagação flutue pelo mundo sem obstáculos e preconceitos.
Seria melhor se tudo fosse novo e nada familiar. Seria melhor se tudo nos fosse mais estranho e surpreendente.

23 março 2010

Guardo isto comigo. Não é uma informação, nem é um objecto. Oxalá fosse um desejo ou um sentimento. Quisesse eu derramar lágrimas e mesmo sangue por isto, não valeria a pena. Nem de animal ou de pessoa se trata.

São apenas horas, na madrugada e eu largo-me aqui, onde me devo largar e como me devo largar. Controlo o que não devo controlar e sinto o que não quero sentir. Depois apercebo-me que o sentimento indesejado é apenas isso e não algo maior como isto que guardo comigo.

As emoções são para os que não querem guardar coisas destas, coisas que são só de si maiores, mesmo que não as vejamos assim. E o frio que me abala é só um pequeno desconforto que vou corrigir depois.

Agora vou matar-me esta fome, mais tarde trato disto.

15 março 2010

II - Aqui onde se sonha

E se pensa em ti,

Que só lês,

Perde-se a fantasia

Sem saber os porquês.

Esta tamanha liberdade que só se entende vivida

De prosa poética e poética prosa

Que em ti não é entendida,

Se falhar o perdido e esquecido

Exangue pensamento

No que não interessa

E não é necessário,

Que passo bem sem ele,

Rio de fervor.

E exalto deuses de muito pouca divindade,

Que menos que eu são

E amordaçados à realidade

Da vida que tenho má

E de bons momentos.

Se assim pensados

Que ou não são vagos.

Não esqueçam tu e ele

Que se por aí não passei

Mais que tu sei

E dele nada tento,

Pois a ti melhor conheço:

Lês-me o conselho

Que não deve ser ouvido.

E se nada ou tudo foi entendido

Desta repetida liberdade

Num importuno desabafo

Se expõe de incoerência abusiva

Um sonho de desrespeito e espontaneadade.

Ser inato e só que aqui te prostras nu.

13 março 2010

Prioridades

Naquelas situações em que tomamos decisões, às vezes incorrectas, e assumimos compromissos que não queremos assumir, apenas porque pensamos ser o melhor para a vida... Nestas ocasiões estabelecemos prioridades.
Umas vezes as prioridades são emocionais e espontâneas e são estas as vezes que mais gostamos e odiamos. Outras vezes o estabelecimento das prioridades é feito em perfeita consciência das consequências dos acontecimentos e é um acto de pura racionalidade que, por mau hábito, não nos orgulhamos, apesar de ser uma demonstração do Homem como animal racional.

Neste meu ponto de vista sobre a racionalidade e o orgulho que temos nela quero ainda dizer que hoje estabeleci uma prioridade nem emocional, nem consciente, mas altruísta.

06 março 2010

Ao som de Joanna Newsom

Está uma noite calma de pouca chuva a cair lá fora. Eu largo-me aqui sentado à lareira e, ao som de Joanna Newsom, vou desfrutando de uma deliciosa tarte maçã ladeada de uma infusão de camomila.
Com estes pequenos prazeres em que me deleito neste meu presente estou verdadeiramente não infeliz.

Se a felicidade fosse inatingível como estava eu agora?