22 dezembro 2015

Soneto ao teu canto da boca

Ecoam gritos nocturnos de silencio
Nós felizes taciturnos de amarras
Que ao afundar cegos sonhos
Jazem-me com pregos ferrugentos.

Falam-me de amor aos olhos abertos
Cercam-me sem cor os velhos almejos
Repetem, repetem-te franca e repetidamente
Da tua pele o cheiro branca e perfumada

Cruel noctivago pensamento insónio
Passaria dormindo ser isento são
Plebeu de ti aristocrata fervente

Tornar-me-ei Siddhartha com um passo
Num raios te parta o lábio de baixo
E sorriso aberto bem lento em mim fica.

18 dezembro 2015

Vou ouvir Djavan em loop

Sabes que esse teu entusiasmo é contagiante. Esse de quando arregalas os olhos olhando para mim brilhante, mas não realmente para mim senão para o que descreves sem parar de mover freneticamente os lábios enquanto soltas uma voz imperfeita tão própria de quando me estremece o coração. Será que te esqueces? Deixar-te-ás guiar por impulsos puramente racionais e nada contemplativos, sequer de ti? E esse teu toque que me evitas. Diria "Se" o Djavan. Foi ao som dele que me elonqueceste. Mas agora passas incólume pela tua percepção da minha vida sem que eu possa despojar-me (facto que também me culpo de carencia de ousadia). "Te devoraria"... diria o Djavan.

13 dezembro 2015

Imaginariamente

-Tenho mais dois diálogos imaginários para ti!
-Quais?
-Aquele em que eu falo e tu respondes e aquele que eu respondo e tu falas.
-Isso não faz sentido.
-Mas se eu te amo.
-Pareces as cianças.
-Elas também te amam e sorriem como tu.
-Mas elas não são imaginárias e esta conversa é.
-Estragas tudo (gargalhada)