14 março 2017

Vim aqui por ti amor


Parece-te uma palavra pesada amor, meu amor.
Mas vim aqui por ti amor.
Trouxe a minha cara mais inexpressiva,
Só a inexpressão pura é capaz de te alhear dos meus medos.
Meu amor.
Trouxe junto aos medos um fardo
Ter-te visto com os olhos chorosamente rejubilantes
Ter-te cheirado a essência.
Sei ter sido a tua essência que eu imaginei.

Vim té aqui apenas porque podias estar aqui.
Aperta-me o coração como se tivéssemos 12 anos e eu fosse até à entrada da escola, era a hora precisa a que chegava o teu autocarro, e eu tremia. O maior terramoto do mundo não me abalava naquele momento, mas eu tremia, a minha respiração tremia.
Tu podias apenas estar aqui, aqui de todos os lugares do mundo. E eu nem sei se vens aqui amor. É um lugar seco, mesmo com a brisa primaveril do rio, é seco.
Porém, basta imaginar-te um sorriso, aquele de olhos esguios tão teu quando me fitas.

É quente imaginar-te, mesmo de ombros descobertos e luz fraca, pela noite é quente imaginar-te.

Fracassam-me os elogios e a realidade dos mesmos é imensa. Mas dos elogios, como do resto, a realidade esconde-se e não se conta. Apaga-se em palavras parcas e vãs. Em sorrisos corriqueiros e desculpas para nos desculparmos de não realizar a realidade que nos entranha, nos esventra como uma faca afiada espetada no peito rasgando obliquamente a caixa torácica e nos afaga ao mesmo tempo o espírito.

Por isso vim até aqui amor.
Podias estar aqui.

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